Tal qual o ar que respiramos, sei que Deus existe, ainda que não possa vê-lo...

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Um sonho?

No meio de um deserto. Um deserto de lixo. Para todos os lados que olha, é apenas lixo, lixo e lixo. E é muito difícil se manter na superfície, o tempo todo pisa em falso, quase se afoga. No lixo. No lixo!

Às vezes tenta correr, mas não dá, o chão não é firme, tropeça, cai. No lixo. No lixo! Às vezes, parecia haver alguém, ao longe. Gritava, pedindo socorro. Corria... tropeçava. É um deserto. É uma miragem. São dez. São vinte... São trinta! Anos. Trinta anos? No deserto. No lixo! Até quando? Até quando? Quarenta? Lá está de novo ao longe... Socorro. Socorro! Miragem. Lixo. Cansaço. Morte? Lixo. Ajuda? Socorro? Lixo. Lixo!
Lá está de novo, agora perto, mais perto, muito perto. Gritar? Não dá mais, não há mais forças. Mas a ajuda está aqui, agora. Tão perto. Tão perto! Tão perto? Miragem. Miragem? Miragem! Lixo... Agora, parece haver mais ninguém. Ninguém, nem longe, nem perto. Agora, dá vontade de gritar mais alto, pra que alguém que não se vê, possa, talvez, ouvir. Dá vontade. Mas não dá. Não dá vontade? Não. Dá vontade, mas não dá. Pra gritar. Não há forças. No meio de um deserto. Um deserto de lixo. Pra todos os lados que olha, é só lixo, lixo e lixo. E é muito difícil se manter na superfície. Agora quer correr, e já não pisa mais em falso! Pois não pisa. Rasteja. Dá vontade, mas não dá. Pra correr. No lixo. No lixo? No lixo! No lixo...

Aqui está de novo, perto, muito perto. Gritar? Não dá mais, não há mais forças. Mas a ajuda está aqui agora, tão perto. Não precisa mais gritar. Tão perto. Tão perto? Miragem. Miragem? Sonho. Sonho! Lixo. Lixo? Pesadelo. Acordado? Não sabe mais. Não distingue. Parece haver mais ninguém. Pra todos os lados que olha, é só lixo, lixo e lixo. Miragem. Lixo. Ninguém. Lixo. Deserto. Lixo. Miragem. Sonhar. Pesadelo. Viver. Pra quê? Afogar. Cansar. Morrer... Lixo.

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